Um olhar desatento sobre este modelo pode levar o leitor a concluir que seja um Monza Classic comum. Mas não é. A grade com o símbolo da Opel, subsidiária da GM na Europa, os emblemas “Ascona” e “Luxus”, além de outros detalhes, no entanto, geram uma confusão natural. Que carro é esse?
A explicação é complexa, mas vale a pena, já que estamos falando de um raro modelo Monza Classic 1989, exportado para a Venezuela, e que foi totalmente caracterizado como Opel Ascona, modelo vendido no mercado alemão durante a década de 1980.
Nesta época, a GM do Brasil exportava o Monza para diversos países da América do Sul. Os maiores compradores eram Colômbia e Venezuela. O carro era montado no sistema CKD, a exceção dos vidros laterais e traseiro, que eram fabricados no país do destino.
No entanto, em 1989, a montadora avisou que deixaria de produzir o modelo nesta configuração, substituindo-o por um modelo mais moderno com nova carroceria. Na ocasião o mercado venezuelano começou a receber os novos modelos e 226 unidades antigas ficaram encalhadas nas concessionárias. Depois de algum tempo, a GM do Brasil repatriou o lote e o ofereceu no mercado brasileiro. Afinal o lote era composto apenas modelos top de linha equipados com cambio automático, injeção eletrônica (vendida na versão SE 500 E.F. no Brasil), bancos de couro, interior monocromático (marrom), além de um ajuste no diferencial e ausência do desembaçador traseiro, que no Brasil era de série.
O carro que o WebMotors mostra nessas fotos é um dos raríssimos Monza Classic que viajou para a Venezuela, e de lá foram devolvidos com status de carro importado para a GM do Brasil. No histórico do carro, um documento de importação comprova a origem.
Francisco Correa, proprietário do modelo, esclarece que após adquirir o Monza 1989 iniciou um projeto de caracterização para transformá-lo num Ascona. Por isso, adquiriu num site de leilões uma série de acessórios: emblemas, lanternas, grade, adesivos e alguns outros detalhes do modelo alemão. “Muita gente me pergunta - na rua e também nos encontros – ‘que carro é esse afinal’, e acredito que o resultado tenha sido muito satisfatório”, explica Correa que para finalizar a transformação, comprou manuais e fichas técnicas do modelo alemão, e as exibe nos encontros que participa. As placas importadas da Europa completam o visual desse carro que tem três raízes; brasileira, venezuelana e alemã.
Carro mundial era o sonho de consumo na década de 1980
O Opel Ascona era fruto de um projeto mundial da subsidiária da GM na Europa. Lançado em 1970, ocupava posição intermediária entre o Kadett (que originou o nosso Chevette) e o Rekord (que rendeu o projeto do nosso Opala). Em 1981 a Opel lançava o novo Ascona, fruto do chamado projeto “J”, baseado na plataforma do Kadett C, equipado com motores de 1,3 a 1,6 litro de 90 cv. No ano seguinte era o carro mais vendido na Alemanha, e já fabricado na Inglaterra e Bélgica.
Esse modelo originou o Monza brasileiro, que foi lançado nesse mesmo ano por aqui, na configuração hatchback, com motor 1,6 litro de 73 cv a gasolina e 72 cv a etanol. Apesar de moderno nas linhas, tinha desempenho fraco, direção lenta e cambio longo demais. No ano seguinte chegaria a versão sedan e um novo motor 1,8 litro de 86 cv. Em pouco tempo cairia nas graças da classe média brasileira, e foi um grande sucesso de vendas.
A GM modificou o carro pouco a pouco e lançou séries especiais como a esportiva S/R, o elegante Classic e a versão 500 E.F., a primeira com injeção eletrônica. Em 1990 foi totalmente reestilizado, e ganhou certo alento após o Opala ser descontinuado (aos 23 anos de vida). Com a chegada do Vectra alemão, o Monza mostrava sinais de cansaço, até ser descontinuado em 1996, após 14 anos de produção e a chegada da nova geração do Vectra.
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